Ter uma Doença Inflamatória Intestinal não é para qualquer pessoa. É preciso ter muita coragem para encarar todos os desafios que nos é imposto. Durante esse tempo conheci pessoas incríveis, com grandes histórias de superação. São guerreiros anônimos e que podem inspirar outras pessoas que se encontram na mesma condição. Com esse objetivo, irei publicar a história de outros portadores de DII, e a primeira será minha amiga gaúcha Dandara Campos, que me ajudou a idealizar esse blog e hoje ocupa o cargo voluntário de consultara dos posts que escrevo, antes de publica-los. Com vocês, Dandara.

"Olá, meu nome é Dandara Campos, tenho 26 anos, resido na cidade de Palmitinho/Rio Grande do Sul, sou gaúcha com muito orgulho e com muito amor. Sou formada no Curso de Serviço Social pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Frederico Westphalen e atualmente estou cursando Pós – Graduação em Violência Doméstica: Perspectivas em Práticas Interdisciplinares na mesma Universidade, e atuo como Assistente Social no Hospital Santa Terezinha de Palmitinho/RS, amo minha profissão, tenho verdadeira paixão pelo que faço.

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Tenho uma rotina bem corrida, trabalho 20 horas semanais, trabalho em finais de semana, tenho que comparecer a Universidade duas vezes a cada quinze dias para assistir minhas aulas, além dos trabalhos e artigos que temos de fazer extra sala de aula, faço academia três vezes por semana e caminhadas duas vezes por semana, adoro sair com a minha família, com meus amigos, curto pubs, baladas, bailes tradicionalistas, gosto de ler, ouvir música e ver filmes.

Quando em Agosto de 2013, comecei a me sentir um pouco estranha, eu tinha muita diarréia, cólicas horríveis, não tinha fome e sentia muito cansaço, fui consultar com uma médica da minha cidade ela me disse que poderia ser uma virose ou uma infecção intestinal, me receitou antibióticos por certo período, depois disso, tive uma leve melhora, mas depois de uns dois meses começou tudo de novo e com mais intensidade, perdi 10 quilos e comecei a sangrar, nesse momento eu me preocupei, então retornei a médica e ela me pediu uma colonoscopia, fiz o exame e a médica percebeu que havia algo estranho e me encaminhou para um centro maior na cidade de Passo Fundo/RS, onde consultei com um médico gastroenterologista que logo na primeira consulta já percebeu que eu tinha uma Doença Inflamatória Intestinal e me receitou Mesalazina, mas me encaminhou para outra médica gastroenterologista da sua equipe, especialista nessa área, consultei com ela, fiz outra colonoscopia e ela suspeitou em Retocolite Ulcerativa, a mesma aumentou minha dosagem de Mesalazina, mas não estava fazendo muito efeito, depois de algum tempo com essa médica, ela me encaminhou para outra profissional gastroenterologista da mesma equipe que era especialista em Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn, esta médica me pediu vários exames de sangue, fezes, urina, além da colonoscopia e endoscopia, e sempre que fazíamos esses exames todo o material era encaminhado para biópsia, e além da Mesalazina, comecei a fazer uso da Azatioprina e depois de meses de tratamento e sempre fazendo todos os exames e biópsias ainda não tínhamos um diagnóstico concreto e eu não estava melhorando como era o esperado pelo uso das medicações, foi então que minha médica me encaminhou para um profissional gastroenterologista, especialista em Tratamento Biológico, consultei com ele, o mesmo me fez vários exames e depois dos resultados pediu de imediato minha internação, pois eu estava muito debilitada, anemia muito forte e pouquíssimo ferro no organismo, foi quando permaneci 10 dias internada no Hospital São Vicente de Paulo, na cidade de Passo Fundo/RS, e durante este período, além da reposição de ferro, fiz várias medicações, vários exames, foi quando não, conseguimos o diagnóstico de Doença de Crohn.

Vale ressaltar que durante todo esse período, a angústia era imensa, o medo me atormentava, pois o diagnóstico é difícil e demorado, você não conhece nada sobre Doença Inflamatória Intestinal, e quando vamos pra internet, as informações são horríveis, eu me via com aquela bolsa de colostomia, eram noites e noites sem durmi.

No momento que recebi o diagnóstico, foi complicado, mas ao mesmo tempo, foi um alívio, pois agora sim, eu sabia o que eu tinha e seria melhor para fazer o tratamento correto, meu médico me falou então, que pro meu caso, o melhor seria começar o tratamento com o Infliximabe (remicade), importante destacar aqui, que é uma medicação caríssima, cada injeção que faço custa em média R$ 4.000,00, outro momento que assusta, mas conseguimos essa medicação pelo meu plano de saúde.

Minha primeira indução de Infliximabe foi em agosto de 2015, depois de quinze dias a segunda dose, depois de um mês a terceira dose, e agora faço a aplicação a cada dois meses, destacando que ainda faço uso da Mesalazina e Azatioprina, segundo meu médico essa medicação usarei somente por mais alguns meses, já a aplicação do Infliximabe será por toda a vida.

Me sinto tão bem depois dessa medicação, tenho uma vida normal, como relatei no início desse texto, não tenho mais diarréia, não sinto mais cólicas, não sangro mais, meu apetite voltou e recuperei alguns quilos.

E quero através dessa minha história, mostrar que ser diagnosticado com Doença de Crohn não é o fim do mundo (como em alguns momentos eu pensei que era), temos tratamentos promissores, temos mais medicamentos em estudo, e por mais que seja uma doença crônica e por enquanto não tem cura, podemos ter uma vida normal, trabalhar, estudar, dançar, brincar, casar, ter filhos, viver bem, saudável e feliz.

Vida longa meus amigos!"

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